8 de julho de 2010

Esperança e Desânimo!

Avançamos vida fora experimentando os mais diversos sentimentos e emoções. Achamos que uns dias correm bem, com tudo a sair como planeado ou acontecendo surpresas agradáveis, e que outros correm mal, com alguma coisa a fazer-nos irritar, desesperar ou a deixar-nos tristes. Da maioria dos dias não guardamos memórias. Passam como se não tivessem acontecido, idênticos a tantos outros em que cumprimos tarefas, desempenhamos papéis, mantemos conversas, damos beijos e sorrisos distraídos e nos sentimos automáticos e automatizados, como se a capacidade de ser, pensar e sentir não fosse precisa ou nos tivesse abandonado. Destes dias, algo pardacentos e com limites desbotados, alguns conseguem dizer que são agradáveis pela previsibilidade e controlo que sentem, e muitos outros referem, sobretudo uma sensação de monotonia e enfado. Mas bons, maus ou assim-assim, os dias que passam parece que evoluem em climas emocionais de fundo que costumam ter mais importância do que os próprios dias. Em algumas fases da vida parece que os dias decorrem sobre o signo de uma expectativa positiva, de uma quase esperança, que nos faz querer correr no tempo, nos ilumina os percursos e nos vitaliza como se fôssemos grandes cosumidores de excitantes. Noutras, pelo contrário, arrastamo-nos, desmoralizados, como se, fizéssemos o que fizéssemos, tivéssemos de perseverar um caminho traçado e afunilado que nos leva, inevitavelmente, para um qualquer lado a que não queremos ir. Quando nos perguntamos (ou alguém nos pergunta) porque é que estamos tão animados ou tão desanimados, por regra explicamos, com detalhe, sinais e sintomas de boas ou más coisas a eventualmente acontecer, como se dependêssemos absolutamente do que é exterior a nós para modular o nosso humor e os nossos estados de espírito. Confortamo-nos com um aumento, uma partida de futebol ganha, uma palmada nas costas e, na ausência desses estímulos positivos ou confrontados com adversidades ou contrariedades, tendemos a deixar-nos abater. Usamos pouco e usamos mal aquilo que deveriam ser os nossos recursos íntimos para a vida de todos os dias, entre eles a capacidade de filtrar acontecimentos e escolhermos o que é importante e nos pode e deve afectar. Que é muito menos do que parece!
Isabel Leal
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