Há 10 anos
30 de agosto de 2011
29 de agosto de 2011
26 de agosto de 2011
24 de agosto de 2011

"E, se eu tiver outras coisas para fazer, e mesmo assim quiser ir ver?"
A minha resposta, considerando que seria a certa, ou então a mais acertada a responder no momento, seria:
"Oooh, minha querida! Tenho a certeza que vai adorar o meu cantinho, porque é lindo e colorido e fofinho e cheira a coisas doces!" :)
Porque na verdade, é essa a noção que tenho deste lugar. Não é um lugar ao qual eu quero que as pessoas venham, SÓ porque não têem mais nada para fazer, mas SIM, um espaço onde se possam sentir mais animadas, com a certeza de que nem tudo nesta vida simples é assim tão mau... Para verem que há imagens e palavras que em certo momento se tornam as únicas possíveis de ouvir ou ler, e que descrevem exactamente aquilo que estamos a sentir.
Guinhas!!!
Este livro foi realmente muito muito muito...muito mesmo! ahahah
O livro não é meu, é emprestado, mas estou a considerar muito seriamente comprá-lo, só para o puder ter na minha estante e pegar-lhe sempre que me apetecer. Se ficaste curiosa, COMPRA! :)
Um beijinho grande...amanhã é um novo dia!!!
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O meu coração estava repleto de uma mágoa impregnável e duradoura. Indirectamente, o meu pai podia ter contribuído para a morte de Saffie. Se tinha sido o amante que a tinha matado. E Fleur tê-lo-ia conhecido.
Durante esses momentos, compreendi que, quando a vida em comum dos meus pais chegou ao fim, o meu pai só tinha trinta e dois anos e a minha mãe vinte e cinco. Se ele tivesse vivido, o casamento deles não teria resultado. Era impossível que resultasse.
Teríamos crescido menos dependentes dele. A minha mãe ter-se-ia apaixonado, como aconteceu mais tarde, e tê-lo-ia trocado por Fergus ou por outro homem. O meu pai ter-se-ia tornado mais promíscuo e menos cauteloso. A vida deles em comum não teria tido provavelmente um final feliz. O final feliz que tem habitado os meus pensamentos, toda a minha vida, apesar do meu amor por Fergus.
Foi preciso saber que o meu pai era homosexual para compreender isto. Mas agora, compreendendo este simples facto, sentia-me velha e cheia de remorsos.
Pensei em Jack e na desigualdade do nosso amor. Cingi o meu ventre inchado com os braços. Jack fora extremamente paciente, na esperança de que eu dissesse as palavras que significariam o meu compromisso com ele, com o nosso filho e uma vida a dois.
Pensei em Fergus, como fora terno com Fleur, esperando, porque a amava profunda e altruisticamente. Compreendi como se tinham tornado próximos, vivendo a sua vida absolutamente juntos, com toda a sua tragédia e felicidade.
Era isso que eu desejava. Desejava tudo isso com Jack. Tinha agora a certeza absoluta. A minha vida era ao lado dele e tinha de ligar-lhe a dizer-lho. Tinha a sensação de que era o meu primeiro acto verdadeiro reflectido. Era uma mulher adulta. Tinha trinta e três anos, era muito mais velha do que Fleur fora na sua vida com o meu pai.
Haveria de acarinhar sempre a recordação do meu pai porque era a minha recordação, um homem grande e belo que nos fazia guinchar de riso. Um homem que nunca envelheceria e se tornaria irritável. Um homem que era um enorme rochedo sólido e trazia felicidade onde quer que fosse. Mas era também o mesmo homem que, sabendo o que era, se casara com uma jovem bailarina e a deixara virar as costas ao seu talento, por ele, quando devia estar consciente do perigo. Sabia, sabia a que ponto ela o idolatrava em absoluto. Destroçou-lhe o coração, o pai que eu amava. Destroçou o coração da minha mãe e ela nunca usou isso como uma desculpa com ninguém. Quis que eu conservasse o pai encantador da minha infância e, ao fazê-lo, quase destroçou também o coração de Fergus, obrigando-o a assistir diariamente aos meus esforços para a punir.
Recordei como a minha avó fora dura com ela. Laura considerava Fleur fraca e irresponsável. Pergunto-me se o meu avô suspeitava. Sempre fora muito chegado a Fleur e sempre a protegera.
Saio para uma noite tão quente que o ar é como veludo nos meus braços nus. O sol deixou linhas onduladas e escarlates. Nuvens escuras, com a forma de charutos, tingidas de dourado, pairam sobre um mar que daqui se move imperceptivelmente, pequenos reflexos acendendo as ondas.
Detenho-me, apoiada na balaustrada do alpendre, consciente das minhas mãos na madeira, dos aromas transportados na noite. Flores, especiarias, o leve cheiro dos esgotos; música chinesa e uma melopeia aguda de vozes. Os fantasmas do meu pai e de Saffie parecem suspensos no agitar seco das palmeiras.
Mas o que estou verdadeiramente a pensar é na extraordinária coragem da minha mãe. O amor e lealdade a David perduraram muito para além da sua morte. Tarde de mais, sei que é possível amar duas pessoas de modos muito diferentes. Um amor não anula o outro mas faz tão parte dele como Fergus era parte da vida do meu pai e da de Fleur.
Já não tenho lágrimas mas guardo mágoa. Não posso mudar a vida da minha mãe mas posso alterar a obstinada passagem da minha. Sempre que o meu filho se mexe dentro de mim, sinto-me mais próxima de compreender Feur. Não posso ordenar os meus pensamentos nem compreender as minhas emoções numa questão de horas e sei que aquilo que sinto agora se transformará noutra coisa. Mas tem de ser algo com que eu seja capaz de viver e que seja capaz de aceitar.
Toda a minha vida desejei regressar a um tempo de segurança e felicidade, quando éramos uma verdadeira família. A minha mãe e o meu pai, eu e a Saffie. Quando o sol tropical batia mas nunca queimava. Quando as chuvas eram velozes mas nunca ninguém se afogava nos esgotos da monção. Quando eu e Saffie desenhávamos pequenas casas quadradas com janelas e um caminho no jardim com flores e os traços estilizados de uma mãe e um pai com caras felizes e sorridentes.
Foi disto que Fleur me protegeu intrepidamente toda a minha vida. Do momento em que uma pessoa se apercebe de que nada disso existe; que não passa de uma ilusão, a luz do sol e os rostos sorridentes. É o que se esconde atrás que conta.
Penso em Jack. "Não há azar", é o que ele diz sempre, como é típico dos neozelandeses, aconteça o que acontecer. "Nao há azar, querida."
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23 de agosto de 2011

Ramon precisa de viajar pelo mundo. Quando conheceu a mulher, Helena, ela sabia da sua paixão e seguia-o nas suas aventuras. Com o nascimento dos filhos tudo se altera. Helena fica no Chile enquanto o marido continua as suas explorações pelo mundo. A quem não parece incomodar a ausência do pai é a Frederica, a sua filha. Aguarda-o a cada viagem com igual entusiasmado, ansiosa por ouvir as suas histórias e descobertas. No regresso de mais uma das suas incursões pelo Peru, Ramon oferece à filha uma caixa com pedras incrustadas em forma de borboleta. Aquele caixa, assim conta à filha, teria pertencido a uma princesa inca... Frederica fica encantada com o presente. A distância cresceu contudo entre os pais e Helena decide regressar com os filhos à Cornualha, na Inglaterra. Frederica não se conforma. Muito ligada ao pai guarda a caixa da borboleta que ele lhe ofereceu como um dos seus mais queridos objectos. Em Inglaterra tem de se adaptar a uma nova vida, mas, já só mulher, descobre o verdadeiro segredo daquele presente. Descobrindo o amor e a perda, a jovem Frederica embarca numa viagem de auto descoberta. Ou se afunda na tristeza, ou se ergue mulher, inteira, mais forte do que nunca. História de amor, perda e transformação vivida entre a paisagem chilena as zonas rurais de Inglaterra. Depois d’ «A Árvore dos Segredos», este romance confirma Santa Montefiore como uma das mais apaixonantes romancistas da actualidade.
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É realmente de ficar de queixo caído com a capacidade das virginianas de ser absolutamente o oposto do que a sua aparência indica. Ela é capaz de enfrentar sozinha um mundo hostil, desbravar o último pedaço virgem da amazonia e procurar pela última espécie de arara azul só para provar que elas ainda existem. Elas parecem porcelana, mas a espinha é de titânio.
Eis o seguinte. A mulher de virgem tem uma visão clássica do amor. E ela é tão pura quanto as águas que nascem nos alpes suíços. Portanto se os olhos dela enxergarem em você imperfeições que batalham com um amor sem falhas que ela acredita ter conhecido ontem, ela não vai hesitar em romper laços antigos. E quando a virginiana termina um relacionamento, o que é fatalmente doloroso, não vê porque amenizar seu corte cirúrgico com anestésicos. Dor dói, não importa o quanto. E o seu conceito de relacionamento é mais coerente e irrefutável do que qualquer documento legal. Ela sabe ser mortalmente prática e divinamente romântica, ao mesmo tempo.
Quando marcar um encontro com a sua amada virginiana, tome o cuidado de não se atrasar. Elas são as discipulas da organização, eficiencia e pontualidade. Não se atrase a menos que queira estragar as coisas. Elas não vão fazer estardalhaço e muito barulho. Mas as virginianas sabem ser beeeeem desagradáveis. Dou a solução: colha algo da natureza para presentea-la, admita o erro e não discuta mais. Você não pode vence-la. Espere. Espere. Espere. Pronto, ela está ótima de novo e nem importa quem venceu.
Treine em casa algumas palavras antes de lidar com virginianas que prezam por uma boa gramática. Não seje, nem menas e nada pra mim dizer. É fundamental. Esteja bem aprensentado, cabelo e barba no lugar, todo trabalhado na impecabilidade. O senso dela de limpeza e organização transita em todos os lugares, inclusive em você.
Não a atormente apertando-a por ai, não fique de beijos demais, não faça espetáculos. Com a virginiana é devagar, graciosamente e com charme. Uma vez que você a tenha, elas serão fiéis assim como são leais a sua idéia de amor e relacionamento. Se ouvir de alguma virginiana que ela traiu alguém, é muito provável que tenha durado muito pouco e aconteceu apenas para ela provar algo para si mesma. Se elas cometem deslizes, sabem enconbri-lo com maestria.
Mas apesar da meticulosidade aborrecida, da chatisse dos dias de chatisse e de seu poder de criticar sem medo, o que você faria sem essa virginiana, né verdade? Há algo de louvável em sua precisão e exigencias. Inegavelmente te faz alguém melhor. O jeito tímido e olhos convictos reservam uma inteligencia encatadora impossivel de resistir, principalmente depois que ela esboça um sorriso e, de repente, parece que ela não é nada mais que nada.
Mas para alguém que ama esta espécie e, principalmente, sente a mão dela em sua própria vida... ela é tudo.
Sutilmente indispensável.
Estou certo?
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22 de agosto de 2011

ÓBVIO, que isso deixa sempre uma ex-bailarina ou aspirante a bailarina, orgulhosa. Pensa pra si própria: Possa, ainda ontem me dobrei e comentei: Meu Deus...como estou perra!
Então, sim! É bom ouvir que ainda temos alguma coisa daquele tempo. O engraçado é que na altura eu pagava-lhe muito bem para ela me avaliar... Há coisas... Hoje é ela que me paga para eu concretizar os seus projectos.
Que bom...É tão bom saber que se quiséssemos ainda poderia dançar até os meus sapatos me pedirem para parar... Então aí, penso que ainda restaria alguma energia para os descalçar e dançar até a vida acabar!
E, atenção! Até ao fim dos nossos dias, Nós, Bailarinas, ficaremos ofendidas quando nos disserem distraídamente: Ah! Sim...és dançarina não é?
NÃÃÃAAAOOOOO!!! Por acaso, não sou!
Sou BAI-LA-RI-NA! :)
Sou BAI-LA-RI-NA! :)
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So what if my baby is born like me? - documentário

The nature of the condition means that any child Jono fathers will have a 50 per cent chance of contracting Treacher-Collins. Now Jono has an important question he wants answered - what if my baby was born like me?
The film follows Jono and his girlfriend Laura as they go on a quest to find out the options available to them should they decide to start a family. Jono meets a variety of families who have faced or are facing this very conundrum. He also meets with youngsters affected by Treacher-Collins to see if attitudes have changed since his days at school.
Confronted by all the options, what will they decide? And will the decisions they make draw them closer together?
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18 de agosto de 2011
A minha Alma partiu-se!

Caiu pela escada excessivamente abaixo.
Caiu das mãos da criada descuidada.
Caiu, fez-se em mais pedaços do que havia loiça no vaso.
Asneira? Impossível? Sei lá!
Tenho mais sensações do que tinha quando me sentia eu.
Sou um espalhamento de cacos sobre um capacho por sacudir.
Fiz barulho na queda como um vaso que se partia.
Os deuses que há debruçam-se do parapeito da escada.
E fitam os cacos que a criada deles fez de mim.
Não se zanguem com ela.
São tolerantes com ela.
O que era eu um vaso vazio?
Olham os cacos absurdamente conscientes,
Mas conscientes de si mesmos, não conscientes deles.
Olham e sorriem.
Sorriem tolerantes à criada involuntária.
Alastra a grande escadaria atapetada de estrelas.
Um caco brilha, virado do exterior lustroso, entre os astros.
A minha obra? A minha alma principal? A minha vida?
Um caco.
E os deuses olham-o especialmente, pois não sabem por que ficou ali.
Álvaro de Campos
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15 de agosto de 2011
se eu tivesse que descrever estes dias, seria mais ou menos assim:

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