26 de março de 2012


"Era uma menina. Nasceu ao meio-dia, apenas seis horas depois de me rebetarem as águas. Pareceram-me seis dias e se a Mãe Ruby me tivesse dito que foram seis anos, teria acreditado nela. Saí do parto com uma sensação de exultação pacífica e o sorriso que horas depois me cumprimentou no espelho da casa de banho, não pertencia a uma criança zangada e odiosa que transportava baldes de cardos das valetas à beira das estradas. Agora era uma mulher, e mãe.
A Mãe Ruby disse que tinha sido um parto perfeito, que a bebé era perfeita e que eu seria uma mãe perfeita. Enquanto Renata foi à loja comprar fraldas, a Mãe Ruby deu banho à bebé e depois coloco-a bem quentinha nos meus braços, pela primeira vez. Estava à espera que estivesse a dormir, mas encontrei-a acordada. Os seus olhos estavam abertos, observando o meu rosto cansado, o cabelo curto e a pele pálida. O rosto dela contorceu-se no que parecia um sorriso meio de soslaio e na sua expressão muda vi gratidão, alívio e confiança. Desejei desesperadamente não a desiludir.
A Mãe Ruby levantou-me a camisa, segurou no meu seio e pressionou o rosto da bebé contra a pele erguida. Ela abriu a boca e começou a mamar."
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