Pior que não terminar uma viagem é nunca partir.
Um homem precisa viajar.
Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou tv.
Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu.
Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor.
Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto.
Sentir a distância e o desabrigo para estar para estar bem sob o próprio tecto.
Um homem precisa viajar para lugares que não conhece
para quebrar essa arrogância
que nos faz ver o mundo como o imaginamos,
e não simplesmente como é ou pode ser.
Que nos faz professores e doutores do que não vimos,
quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver.
O mar não é um obstáculo: é um caminho.
Um dia é preciso parar de sonhar e, de algum modo, partir.
Passados dois meses de tantas histórias,
comecei a pensar no sentido da solidão.
Um estado interior que não depende da distância...nem do isolamento;
um vazio que invade as pessoas...
E que a simples companhia ou presença humana não pode preencher.
Solidão foi a única coisa que eu não senti, depois que parti...
Nunca...em momento algum.
Estava, sim, atacado de uma voraz saudade.
De tudo e de todos, de coisas e de pessoas que há muito tempo não via. Mas a saudade às vezes faz bem ao coração. Valoriza os sentimentos, acende as esperanças e apaga as distâncias. Quem tem um amigo, mesmo que um só, não importa onde se encontre, jamais sofrerá de solidão; poderá morrer de saudade...mas não estará só! Um homem precisa viajar, por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros e tvs, precisa viajar, por si, com os olhos e pés, para entender o que é seu... Descobri como é bom chegar quando se tem paciência. E para se chegar, onde quer que seja, aprendi que não é preciso dominar a força, mas a razão. É preciso, antes de mais nada, querer.
Amyr Klink
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