5 de janeiro de 2010

R.I.P

"Não há decerto forma fácil de lidar com a morte. Aliás, viver é por definição, para a maioria - todos? -, negar a sua inevitabilidade. Concluímos isso de cada vez que nos confrontamos com ela: surge sempre como um choque, uma injustiça, algo completamente inesperado. Não há maneira decerto de tornar a morte acolhedora, nem suave, nem reconfortante. (...) A isto acresce a repelente fealdade dos adereços da morte: caixões de madeira plastificada, rendas e cetins de um branco sintético cujo brilho parece pensado para contrastar obscenamente com a palidez dos idos. (...) a desejar uma falta de luz que fizesse necessárias velas e reproduzisse o ambiente sombrio e esfumado dos velhos templos, tão apropriado ao recolhimento e ao silêncio da dor - e às lágrimas, que sob aquela luz ainda apetece mais esconder. (...) A tradição de cobrir os mortos de flores começou por surgir por motivos muito pragmáticos, que nada têm a ver com a beleza. De alguma forma, é também simbólica, no contraste da frescura e da cor das flores com a presença desencantada do corpo, numa espécie de conforto visual e aromático que afoga em vida, mesmo que transitória, aquele de quem nos despedimos. Como quem diz, e roubando as palavras de Lobo Antunes: não te vás tão depressa nessa noite escura. (...) será de todo impossível tentar amenizar o momento? Será assim tão difícil perceber que ninguém está interessado em ver e ser visto claramente? Que o mistério da morte - que tantos sacerdotes referem nas suas homilias - merece mais dignidade, e os que o enfrentam mais respeito?" Fernanda Câncio
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Não existem palavras que possam descrever a dor e a confusão que se sente nestes momentos. Muitos menos explicações para o PORQUÊ?!!! Só posso desejar muita força e paz de espírito a todos que lhe eram próximos. Não há palavras...por mais que se pense!
Descansa em paz, Marcos*
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