3 de janeiro de 2010

?!?!

" Desço a rua com uma amiga. Tagarelamos alegremente. Está a escurecer. Num bairro de Lisboa. Tenho medo. Dirigimo-nos para uma estação de metro. Antes de lá chegarmos, ela pede para comprar fruta. Agora? Tou com um bocado de medo. Ali! Uvas..Vamos comprar uvas! Consegue-se avistar o supermercado. Ainda temos que andar um bocado. Estou cada vez mais assustada. Peço-lhe para voltar para trás. Okay. Chegamos à estação. Lembramo-nos que temos os bilhetes recarregáveis nas mochilas. Procedemos à operação. Passamos a barreira.Chegamos a uma fila. Paramos. Silêncio total. - muda o cenário - Estou de mão dada com um homem. Alto. Forte. Negro. Continuamos parados na fila. Silêncio. Um "gang" tenta arrombar uma máquina cheia de moedas. Ninguém se atreve a mexer. Olho para o lado. Também o metro se mantêm imóvel. Espera pelos seus passageiros. Uma mulher barafusta. Avança. Um elemento do "gang" dá-lhe dois tiros. Outro homem é atingido mortalmente. O meu companheiro contorce-se. Não percebo se foi atingido. Pergunto-lhe. Não recebo resposta. As pessoas começam a dirigir-se para o metro. Somos os últimos a entrar. Ele prende-me no meio das portas. Fica do lado de fora. As mãos dadas não se largam. Ele empoleira-se do lado de fora do transporte. O metro começa a sua viagem. Percebo que foi atingido numa perna. Começo a chorar. Imploro-lhe que desista da ideia. As mãos dadas. Forte. - muda o cenário - Estou dentro do metro. Começo a ouvir tiros e atiro-me ao chão. Mais passageiros juntam-se a mim. Ao longe vejo o Xavier. Está sentado. Dança alegremente. Pensa que os tiros são algum tipo de "beatbox". Preciso alcançá-lo. Pânico. Rastejo na sua direcção. Tento sorrir. Não quero assustá-lo. Agarro-o. Seguro. - muda o cenário - Continuamos dentro do metro. Parece ser mais seguro. Ao meu lado, uma rapariga. No colo, uma menina. Olho para ela. Ordeno-lhe. Vais tirar a chave de casa da mochila. E dás-me. Vou guardá-la no bolso. Se alguém nos roubar a mochila, pelo menos, temos casa para ficar. Sim! Boa ideia! O metro pára. É aqui o nosso destino. Saímos. Tenho o Xavier ao meu colo. A rapariga com a menina, atrás de mim. Um rapaz ordena os passageiros a saírem pela esquerda. Olho. A porta está fechada. Tenho medo. Medo que a porta se abra, e sejamos brindados com tiros. Não quero estar na linha da frente. Dirigo-me para a lateral. Recuo para o fim da fila. A porta abre. Nada acontece. Está livre. - muda o cenário - Estou na rua. Ao meu colo, a menina. Observo uma montra cheia de tecidos vintage. Lindos. Lembro-me do meu companheiro. Atirou-se à linha do metro. Tinha um tiro na perna. Sinto-me a sufocar. Choro. Tento distrair a menina. Não quero que perceba. Penso na nossa vida a dois. Lembro-me da nossa casa. Choro muito. Mas em silêncio."
***

Abro os olhos. Assustada. Preciso pensar onde estou.

Okay. Vejo as horas. São 6:22h a.m.

Está tudo bem. Foi só um sonho!

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