11 de novembro de 2009

falar, falar, falar...

Não é a primeira...nem a segunda...nem a terceira vez que me acontece.
Para quem não sabe, trabalho ao balcão duma loja, o que faz com que tenha contacto com várias pessoas...mesmo aquelas que preferia não ter.
A situação de que quero falar é a de pessoas que entram aqui para comprar ou apenas para ver o que há, e de repente alguma frase ou palavra-chave que eu diga, e já está... puxa-se ali um pequeno cordelinho e lá vai ele sem parar!
Falam de tudo e mais alguma coisa: do que fazem ou gostariam de fazer, como é ou como deixa de ser, do que lhes corre bem mas principalmente do que vai mal.
Hoje tive aqui uma senhora que já é cliente habitual que ficou aqui sem exagero 1 hora.
Eu continuei a fazer o meu trabalho e ela deixou-se estar a conversar...
Que conclusão podemos nós tirar daqui?
Porque desabafa uma pessoa com uma estranha sem mais nem menos?
Qual confessionário na igreja, eu aqui sou quase o Papa!
ahahahahah, que exagero!
Epá mas fico assim... sem perceber o porquê.
A necessidade de falar, de contar. Ela sabe que eu nada posso fazer para melhorar a situação da sua vida, como é óbvio. Mas o prazer que lhe deu ter alguém para ouvir e que lhe estava a dar atenção foi maior... maior do que o "medo" de falar sobre os seus problemas.
Não sei se tenho alguma estrela na testa, ou uma aura muito brilhante que puxa as pessoas até mim (lembro-me agora das moscas com aquela coisa fluorescente lol)
mas a verdade é que acontece, as pessoas vêem até mim, assim do nada!
E até é estranho porque tenho fama de ser mal-educada e mal-humorada, mas pronto quem não me conhece também não adivinha...mas supostamente eu deveria ter sempre cara de contrariada a quem tudo corre menos bem! Olha, se calhar é isso:
-Deixa-me lá falar com esta, que também está com cara de poucos amigos! Deve ter os mesmos problemas que eu, pode ser que me entenda melhor!
sei lá...
***
Bom, por norma, quando acabo estes diálogos, guardo para mim que com certeza, servirão para me ensinar algo que ainda não conheço (são sempre pessoas mais velhas que o fazem).
Que me querem dar aquele toque de "tens que dar mais valor, já viste...?!"
E sim, duma maneira ou de outra passo a dar mais valor, embora às vezes também me esqueça disso tudo... não sou perfeita e o meu cérebro também tem falhas, cada um lida com as coisas à sua maneira.
***
Qual a lição maior a tirar daqui?
Há muita gente só, que por mais família que tenha, não tem com quem conversar, ou pelo menos o direito de se queixar sobre coisas insignificantes, que a um familiar ou amigo poderia soar ofensivo, mas a um estranho que nada sabe... não importa... não incomoda!
A comunicação cara-a-cara está a perder-se!
É triste...!
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