4 de maio de 2012

Abraço, amor e carinho


Quando era criança não precisava de acreditar em algo superior para ficar feliz, mas tinha uma curiosidade imensa e uma necessidade quase física de questionar tudo e de reflectir sobre a vida, a morte, os acontecimentos, o sofrimento, as doenças, o amor, a violência. Fruto da minha rebeldia contra tudo o que era imposto ou dado por certo, interrogava-me sobre a causa da existência do bem e do mal no mundo, uma vez que Deus criou o universo à sua imagem e semelhança e nos indicou o caminho do bem. Para mim, era muito duro admitir que um ser humano era capaz de violentar, infligir dores a outro ser humano e, ainda, matá-lo, se quisesse. Até compreendia os animais por terem o instinto de sobrevivência, mas nunca consegui perceber, enquanto criança, o porquê do comportamento violento do ser humano, que, ao contrário dos animais, tem raciocínio. Mais tarde, percebi que o ser humano pode agir por conta própria e que tem a opção de fazer o bem ou o mal, investido pelo seu poder supremo - o livre arbítrio. Assim, ele pode ser tão bom quanto mau, tão elevado quanto baixo, tão generoso quanto cruel, porque a natureza: nem bom, nem mau, apenas humano.
Diz-se que o mal é a ausência do bem, assim como o frio é a ausência do calor, o escuro a ausência da luz, o ódio a ausência do amor, então, a violência seria a ausência de carinho? Acho que nunca deixarei de fazer perguntas. Apenas damos respostas a algumas que, mais tarde, acabam por originar outras, é um processo sem fim, uma busca incessante e constante. No entanto, o que importa não é necessariamente a resposta, mas a pergunta em si, a procura, os momentos, o próprio caminho. Ninguém quer chegar ao fim do caminho, nem responder a todas as perguntas, porque chegar ao fim é ficar sem propósito, sem sentido.
No outro dia imaginei como seria o nosso dia-a-dia se não existissem árvores e flores, o mar e as montanhas, o azul do céu e o pôr-do-sol. Mesmo se ainda assim a vida fosse possível, o que não se podia garantir nestas circunstâncias, ela seria desprovida de toda a harmonia que a Natureza nos possa facultar, o que é fundamental para captar as vibrações de paz e serenidade que ela nos transmite e que nos dá forças para continuar, até nos momentos mais difíceis. Quando saio do meu escritório, passo ao lado do parque Eduardo VII, em Lisboa, e aproveito para encher-me de energia, sentindo o perfume suave das flores e da relva recentemente cortada. Acredite, é uma terapia garantida para encontrar num ápice a paz, a serenidade, a quietude. Tudo está aí para a nossa harmonia e troca de energia. Reflectindo correctamente, esta seria a melhor maneira para evitar ficarmos violentos, amargos, tristes ou desiludidos. Nos momentos mais tensos, vou procurar um lugar calmo na Natureza para respirar fundo e concentrar-me em tudo aquilo que faz parte da minha vida. Já teve oportunidade de abraçar uma grande árvore com todo o carinho, como se fosse um ente querido? Se ainda não o fez, tente esta experiência única, descarregando as suas preocupações na crosta áspera da árvore e lançando, ao mesmo tempo, pensamentos positivos, cheios de amor, de gratidão e de adoração para consigo, para com a Mãe Natureza, o Universo, o mundo inteiro. Este abraço especial vai proporcionar-lhe equilíbrio no seu corpo e na sua vida, como se bebesse na fonte da Energia Universal.

Elisabeth Barnard

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