10 de dezembro de 2009

de lya luft

"Às vezes é preciso recolher-se.
O coração não quer obedecer, mas alguma vez aquieta;
a ansiedade tem pés ligeiros, mas alguma vez
resolve sentar-se à beira dessas águas.
Ficamos sem falar, sem pensar, sem agir.
É um começo de sabedoria e dói.
Dói controlar o pensamento (...) entramos no casulo
fabricado com tanta dificuldade, e ficamos quase sem sonhar.
Quem nos vê nos julga alheados, quem já não nos escuta
pensa que emudecemos para sempre,
e a gente mesmo às vezes desconfia
de que nunca mais será capaz de nada claro, alegre, feliz.
Mas quem nos amou, se talvez nos amar ainda
há-de saber que se nossa essência é ambiguidade
e mutação, este silêncio é tanto uma máscara quanto foram,
quem sabe, um dia os seus acenos."
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